Medicamentos
"Qualquer remédio, mesmo aqueles que parecem
inofensivos, como anti-inflamatórios, devem passar pela análise do
obstetra", diz o ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein.
Confira os medicamentos que merecem mais atenção:
Antidepressivos:
O uso desse tipo de medicamento durante e, principalmente, na reta final da
gravidez duplica as chances de gerar filhos com problemas de hipertensão
pulmonar persistente, uma doença rara que eleva a pressão no pulmão e provoca
dificuldades na respiração, cansaço e tosse. Essa foi o que constatou um estudo
desenvolvido na Suécia.
Anti-inflamatórios:
Uma pesquisa relacionou o uso de anti-inflamatórios no início da gravidez a 2,4
maiores riscos de aborto espontâneo. O perigo não foi associado ao uso da
aspirina. A explicação seria a de que esses anti-inflamatórios afetam a
produção de prostaglandina, um ácido graxo que tem sua produção declinada no
útero no início da gravidez. Assim, eles alterariam os níveis normais do ácido
nessa fase. O maior problema é utilizá-los durante o terceiro trimestre de
gestação, quando termina a formação do feto.
"Os anti-inflamatórios podem
ter um impacto negativo no fechamento de canais do sistema cardiorrespiratório
fetal. Isto é, eles podem causar problemas cardiológicos no bebê” disse
Alberto.
Peso
Peso demais ou peso de menos pode prejudicar a gestação, por
reduzir a oferta de nutrientes e oxigênio ao bebê. "O ganho de peso
planejado contribui para a boa evolução do cérebro do feto, além de manter a
mãe longe da diabetes gestacional e da doença hipertensiva específica da
gravidez (DHEG)", completou Alberto.
Obesidade durante a gestação pode dobrar as chances de o
bebê morrer antes de um ano de vida. A morte seria causada por problemas
relacionados ao sobrepeso, como hipertensão e diabetes gestacional. Segundo os
dados desse estudo, o risco de vida dos filhos de mulheres com obesidade era de
dezesseis mortes para cada 1 000 nascimentos (1,6%). Já entre aquelas que
tinham o peso considerado normal, o risco era de nove mortes para cada 1 000
nascimentos (0.9%).
Outro estudo constatou que filhos de mulheres obesas e fumantes
têm maiores riscos de sofrer problemas cardíacos. Segundo os pesquisadores,
gestantes que apresentavam esses dois fatores tiveram 2,5 mais chances de gerar
filhos com doenças congênitas do coração, comparadas às que eram fumantes ou às
que estavam acima do peso.
Suplementação
Ferro: A
deficiência deste mineral é a mais comum no mundo e a principal causa de anemia
na gravidez. Um estudo da Universidade Harvard descobriu que grávidas que fazem
o uso de suplementos diários de ferro de até 66 miligramas têm menores riscos
de darem à luz a bebês com baixo peso. A recomendação da Organização Mundial da
Saúde (OMS) é de que as gestantes façam o uso de 60 miligramas de ferro todos
os dias.
Vitamina D e cálcio:
A falta de vitamina D prejudica a absorção de cálcio pelo organismo e pode
fazer com que grávidas tenham filhos com baixo peso. Segundo uma pesquisa,
gestantes com menores índices da vitamina no primeiro trimestre da gravidez (ou
até a 14ª semana) apresentam duas vezes mais risco de parir bebês com baixo
peso, comparadas àquelas com níveis mais altos do nutriente.
Ácido fólico:
Segundo um estudo realizado nos Estados Unidos, a suplementação em 400
microgramas diárias no nutriente, que também chamado de vitamina B9, durante o
período compreendido entre quatro semanas antes da concepção e oito semanas
após o início da gestação reduz em 40% as chances de o filho ter autismo.
Hipertensão
A hipertensão durante a gravidez (chamada de doença
hipertensiva específica da gravidez) é maléfica não só para a gestante, mas
para o bebê — a enfermidade afeta habilidades de pensamento, raciocínio e
aprendizagem da criança em toda a sua vida. Essa foi a conclusão de uma
pesquisa feita pela Universidade de Helsinki, na Finlândia. O impacto negativo
seria consequência da mudança de ambiente do útero quando a pressão arterial
está elevada, afetando o período pré-natal. Os cientistas constataram que os
problemas de cognição apresentados até na velhice podem ter sido originários
dessa fase. "Dieta controlada e hábitos saudáveis, como a prática de
atividades físicas duas ou três vezes por semana, podem minimizar os efeitos maléficos
dessa doença, já que sua causa não é comprovada", finalizou Alberto.
Diabetes gestacional
O diabetes gestacional, que aparece durante a gestação e
some depois do parto, pode afetar o pâncreas do bebê e predispor mãe e filho ao
diabetes no futuro. Além disso, a doença está relacionada ao risco da mãe
desenvolver doenças cardíacas na meia-idade. O estudo, que durou vinte anos,
descobriu que o diabetes gestacional pode ser um fator de risco para o
aparecimento da aterosclerose, caracterizada pelo entupimento dos vasos
sanguíneos, e pode causar infarto e AVC.
Atividades físicas
Grávidas que se mantêm em movimento geram bebês com cérebros
mais desenvolvidos. Pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá,
acompanharam a atividade cerebral de recém-nascidos até completarem doze dias
de vida. Segundo eles, gestantes que praticavam ao menos 20 minutos de
atividades cardiovasculares de intensidade moderada, como a caminhada, três
vezes por semana a partir do segundo trimestre de gravidez tiveram filhos com o
cérebro mais desenvolvido do que as mães sedentárias.
A recomendação é que se pratique exercício duas ou três
vezes por semana, e que sejam de baixo impacto nas articulações e não obriguem
a grávida a fazer um grande esforço no abdômen. As atividades mais recomendadas
são hidroginástica, ioga, pilates e caminhada, sempre com acompanhamento de um
profissional.
Álcool
O consumo de bebida alcoólica, mesmo pequeno, é ligado ao
parto prematuro, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Leeds, na
Grã-Bretanha. O risco do parto antes da 37ª semana de gestação foi duas vezes
maior nas grávidas que beberam mais do que duas doses de álcool por semana no
primeiro trimestre de gravidez, comparadas às que não beberam nenhuma gota.
Outro estudo revelou que o consumo de bebidas alcoólicas
durante a gravidez pode levar à depressão durante e após a gestação. A média de
consumo de álcool relatado na pesquisa foi de quase catorze doses (ou 163,7
gramas) durante os nove meses de gravidez, índice considerado alto — já que o
que é recomendado é a abstinência total durante esse período.
Alimentação
Manter uma boa dieta durante toda a vida é essencial,
principalmente durante a gravidez. Seguir dietas extremamente restritivas no
início da gravidez, porém, pode comprometer o desenvolvimento cerebral do feto.
A carência de nutrientes e de calorias nesse período reduz a formação das
conexões entre as células e das divisões celulares do bebê. Além disso, regimes
drásticos podem afetar as sinapses entre as células cerebrais do feto, o que
altera os genes e causa problemas comportamentais na criança.
Tabagismo
A cada tragada da mãe, o feto recebe uma enxurrada de mais
de 4 300 substâncias tóxicas que a placenta não consegue filtrar. "Seria
como se o bebê ficasse numa câmara de gás", explicou Alberto. O cigarro,
em qualquer quantidade, é contraindicado durante a gestação.
Uma pesquisa feita pelo Centro Médico da Universidade
Erasmus, na Holanda, constatou que o tabagismo pode causar deficiência no
desenvolvimento cerebral do bebê, por provocar o estreitamento das veias da
gestante e, assim, dificultar a chegada de nutrientes e oxigênio ao feto.
Segundo os cientistas, o bebê poderá ter problemas comportamentais e emocionais
na infância, como depressão e ansiedade.
Já um estudo publicado no periódico "Environmental
Health Perspectives" constatou que gestantes tabagistas são mais propensas
a terem filhos com transtornos do espectro autista. Dentre as participantes que
geraram bebês com o problema, 11% fumaram durante a gestação.
Além disso, um estudo mostrou que fumar durante a gestação
aumenta em quatro vezes as chances de gravidez fora do útero — a chamada
gravidez ectópia. A cotinina, uma substância presente no cigarro, aumenta a
concentração da proteína PROKR1 nas trompas de falópio. Isso impede a contração
dos músculos das trompas, o que dificulta a transição do óvulo para o útero.
Vacinas
Os anticorpos — principalmente os tipo Imunoglobulina G, que
protege contra a rubéola — atravessam a placenta e passam de mãe para filho.
Por isso é tão importante que a mulher se vacinar contra varicela, hepatite B,
tríplice viral (tétano, difteria e coqueluche) e gripe, esta última durante a
gestação.
A vacina contra a gripe, oferecida pelo SUS, é de extrema
importância para as grávidas, já que a mulher tem o sistema imune mais
enfraquecido no período e pode manifestar a doença com maior intensidade. Além
disso, um estudo concluiu que filhos de gestantes imunizadas contra a gripe têm
48% menos chances de contrair o vírus nos seis primeiros meses de vida.
Stress
A chegada de uma nova fase da vida pode elevar o nível de
stress de gestantes, quadro que libera o hormônio adrenalina e aciona as glândulas
suprarrenais. Esses fatores causam um estreitamento nos vasos da placenta, o
que reduz a oferta de nutrientes ao feto. Além disso, o stress pode prejudicar
o sono, a dieta e as atividades diárias. "Este conjunto de fatores pode
levar ao parto prematuro, que é aquele que ocorre antes da 37ª semana de
gestação", finalizou o ginecologista Eduardo.